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Obras digitalizadas2021-05-26T12:49:49+00:00

OBRAS DIGITALIZADAS

 

As obras digitalizadas estão acessíveis em versão integral, por download do ficheiro. No entanto, para consulta rápida, pode visualizar a partir do seu dispositivo, uma versão leve das primeiras 50 páginas.

Agostini Giustiniani. Psalterium Hebraeum. Grecum, Arabicum et Chaldeum cum tribus latinis interpretatonibus et glossis [Psalterium Octaplum]. Génova, imp. Petrus Paulus Porrus, 1516. Cota: BSZ 8.

Contém o livro dos Salmos em três línguas orientais (Hebraico, Árabe e Aramaico), em Grego (de acordo com a Septuaginta), e nas respetivas versões em Latim. Foi um dos primeiros livros impressos na Europa utilizando tipos não-latinos e, segundo consta, o primeiro a utilizar caracteres árabes. Este é considerado um dos mais completos saltérios, permitindo cotejar as diversas versões, orientais e greco-latinas, dos textos bíblicos. É peculiar a escolha do editor em incluir uma secção de glosas, em latim, comentando os diversos salmos. Uma glosa em particular, referindo-se ao Salmo XIX, oferece uma narrativa biográfica sobre Cristóvão Colombo, em que se refere a descoberta da América e a origem genovesa do explorado.

Almeida, João Ferreira de, O Novo Testamento, isto he, todos os livros do Novo Concerto do nosso fiel Senhor e Redemptor Jesu Christo (Batávia, 1693). Cota: BSZ 291.

João Ferreira de Almeida foi o primeiro tradutor da Bíblia para a língua portuguesa. Convertido ao protestantismo em 1642, Ferreira de Almeida foi autor de várias obras contra a ortodoxia da doutrina católica. O seu Novo Testamento foi publicado pela primeira vez em Amesterdão (1681), com inúmeros erros. Este exemplar, que representa a segunda edição revista por Theodorus Zas e Jacobus op den Akker, foi impressa em Batávia (atual Jacarta), nas Índias Orientais Holandesas, dois anos depois da morte de Almeida, e patrocinada pela Companhia das Províncias Unidas da Índia Oriental.

בראשית [Bereshit] = Liber Genesis [Livro do Génesis] (Paris, 1556). Cota: BSZ 596.

Primeira parte de uma bíblia em hebraico, impressa por Charles Estienne, tipógrafo régio de Henrique II de França.

חָמֵש מְגִלּוֹת [Hamesh megillot] = Canticum Cañticorum, Ruth, Lamentationes, Ieremiae, Ecclesiastes & Ester (Robert Estienne, 1540). Cota: BSZ 597.

סֵפֶר אִיּוֹב [Sefer Iob] = Iob (Robert Estienne, 1541). Cota: BSZ 598.

סֵפֶר מִשְלֵי [Sefer Mishle] = Proverbia Salomonis (Robert Estienne, 1540). Cota: BSZ 599.

סֵפֶר תְּהִלּים [Sefer Tehilim] = Psalterium (Estienne, 1540). Cota: BSZ 600.

Estes quatro livros do Antigo Testamento, encadernados conjuntamente, são constituintes autónomos da primeira Bíblia hebraica impressa em França, a partir de 1539. Robert Estienne (pai de Charles Estienne) foi, além de impressor, um estudioso da Bíblia. Promoveu várias edições críticas da Vulgata latina e da Septuaginta, buscando ainda o confronto filológico destas versões com os próprios textos hebraicos. Esta atividade de edição crítica dos textos bíblicos, que ultrapassava em muito o seu ofício de impressor, causou-lhe muitos problemas numa época em que a Reforma Protestante e a ortodoxia católica se degladiavam. Após a morte do seu protetor régio, Francisco I de França, em 1547, Robert Estienne ficou vulnerável aos ataques da censura católica: a venda das suas Bíblias foi proibida e Estienne foi acusado de heresia por fomentar a reflexão crítica e filológica sobre os textos sagrados. Os exemplares em causa, pertencentes à biblioteca de Samuel Schwarz, da edição da Bíblia hebraica de Estienne (1540-1541) contêm a particularidade de ter o nome do impressor rasurado na página de rosto, tanto na parte hebraica como latina: este facto manifesta certamente uma damnatio memoriae executada contra o impressor.

Frei Manuel de S. José Seixas, Grammatica Hebraica ou Breve, e Facil Methodo para a inteligencia da Lingua Santa (séc. XVIII). Manuscrito.

João da Encarnação, Grammatica Linguae Sanctae a multibus scriptoribus excerpta… (Coimbra, 1789). Cota: BSZ 346.

D. João da Encarnação, cónego regrante de Santo Agostinho, foi docente de Teologia e Hebraico na Universidade de Coimbra. Este exemplar pertence a uma edição única, que terá sido produzida para servir de compêndio e manual aos estudantes de Teologia na Universidade.

Lima, Luís Caetano de, Breves Institutiones Linguae Hebraicae: Ex optimo quoque Auctore collectae (front. Paris, 1754) (Manuscrito).

O autor deste manuscrito foi D. Luís Caetano de Lima (1671-1757). A obra, que iria constituir uma pequena gramática hebraica, não foi, infelizmente, completada.

Vasconcellos, Carolina Michaëlis de. Uriel da Costa: notas relativas à sua vida e às suas obras (1921). Cota: BSZ 290.

Este exemplar foi autografado pela autora e está dedicado a Samuel Schwarz. O livro trata da vida e obra de Uriel da Costa, cristão-novo nascido no Porto em 1583 ou 1584, que voltou ao judaísmo em Amesterdão, em 1614. A sua crítica do judaísmo ortodoxo, expressa na obra Exame das tradições farisaicas, levou à sua excomunhão, e posteriormente ao seu suicídio. Foi um precursor de Bento Espinosa.

סדר הנחגת בית הכנסת מכל השנה דקהל קדוש אמשטרדם [Seder Hanhagat Beit haKnesset mikol ha-Shana] = [Ordem de certas orações na sinagoga para todo o ano, na comunidade de Amesterdão] (1776). Cota: BSZ 281.

Este livro é um guia que estabelece a organização das sinagogas da comunidade judaica de Amesterdão, incluindo a ordem das orações e da liturgia.

Fleury, Claude. Os Costumes dos Israelitas. Onde se ve o modelo de huma politica simples, e sincera para o governo dos Estado, e reformação dos costumes (Lisboa, 1778). Cota: BSZ 139/A.

Esta obra, publicada pela primeira vez em 1682 (La Haye), demonstra, de um modo talvez invulgar, uma visão elogiosa dos Judeus e dos seus costumes, pela sua austeridade, frugalidade e respeito pelas tradições, não obstante ser influenciada por uma representação do povo Judeu segundo a imagem do Antigo Testamento. A tradução portuguesa desta obra de Fleury, confessor de Luís XIV, membro da Académie e defensor do galicanismo, manifesta um novo paradigma e abertura de espírito apenas possível em Portugal depois do consulado do Marquês de Pombal, que estabeleceu as bases para o fim da Inquisição portuguesa e das perseguições aos Judeus, a partir de 1773.

Fr. Francisco de Torrejoncillo (trad. portuguesa de Pedro Lobo Correia). Centinella contra Judeos, posta em a Torre da Igreja de Deos (Lisboa, 1684). Cota: BSZ 138/A.

A edição original desta obra, de um franciscano espanhol, é de Madrid (1674). Trata-se de um violento libelo anti-judaico que pretende fornecer um guia aos Cristãos para reconhecerem os Judeus e “precaverem-se” dos seus “truques” e intenções “depravadas”. A popularidade desta obra na Península Ibérica justifica a tradução portuguesa e as suas várias edições: além do presente exemplar, outras edições foram dadas à estampa em Coimbra (1710), Porto (1745) e Lisboa (1748).

Matos, Vicente da Costa, Breve discurso contra a herética perfídia do judaísmo… (Lisboa, 1622). Cota: BSZ 35

Matos, Vicente da Costa, Honras Christãs nas afrontas de Iesu Christo… (Lisboa, 1625). Cota: BSZ 36

Estas duas obras seguem uma tradição de anti-judaísmo primário e hiperbolizado, refletindo o ambiente político e religioso em Portugal durante o período de integração na Monarquia Hispânica (1580-1640), extremamente hostil aos Cristãos-Novos. O Breve discurso foi mesmo traduzido em castelhano (cf. Barbosa, Bib. Lusitana, vol. III, 781) por Fr. Diego Gavilán Vela (Discurso contra los judíos, traducido de lengua portuguesa en castellano, Salamanca, 1631). É de notar que Pedro Craesbeeck foi impressor régio a partir de 1620, o que corrobora a proteção de que este tipo de edições beneficiou por parte das autoridades.

(Abade) Joinville, Histoire des Rois d’Israël et de Juda selon les quatres Livres des Rois & les deux es Paralipoménes. Avec des notes critiques, géographiques & morales (Vitry, 1757). Cota: BSZ 75

Este pequeno livro é um resumo da história do reino de Israel e Judá, desde as origens da monarquia unida até ao regresso do exílio babilónico. Baseia-se nos livros de Reis e de Crónicas do Antigo Testamento e, longe de ser uma obra historiográfica ou crítica, possui um pendor marcadamente pedagógico e religioso. O seu autor seria cónego em Vitry-le-François, segundo a informação do rosto e das licenças.

Opitz, Heinrich, Biblia parva hebraeo-latina (Leipzig, 1772). Cota: BSZ 76

Pequena seleção de textos da Bíblia hebraica com as respetivas traduções em Latim, com o propósito de facilitar o estudo da teologia, da “sagrada filologia” e do culto. Opitz foi um dos representantes alemães do Orientalismo no séc. XVIII, sendo teólogo e estudioso das línguas orientais e do grego. O paradigma do seu trabalho em filologia era, naturalmente, a religião cristã e a Bíblia. As suas línguas eram o seu principal objeto de estudo, que procurou divulgar em edições acessíveis.

Bento de Espinosa, השתלמות שכל האדם = [Hishtalmut sekhel ha-‘adam] = Tractatus de intellectus oemendatione (trad. Yitzhak Ben Meir Marguliot), Varsóvia : M. Ehrlichman, 1935. Cota: BSZ 343

Esta tradução hebraica do Tractatus de Espinosa, apesar de moderna, é bastante rara, pelo facto de ter sido editada em Varsóvia em 1935.

Blaustein, Auser, קאכ־בוך פאר יודישע פרויען [Kokh-bukh far yudishe froyen] = Koch-buch für jüdische Frauen = [Livro de culinária para senhoras judias]. Wilna : L. L. Matz, 1896. Cota: BSZ 32

Auser Blaustein, nascido na Letónia, foi um novelista judeu e grande cultor da língua iídiche. Não se dedicando apenas à ficção, produziu também gramáticas e dicionários de iídiche e russo, assim como este livro de culinária em iídiche. Num exemplar desta obra, adquirida pela Biblioteca do Congresso (EUA) em 1948, figurava um selo do Institut der NSDAP zur Erforschung der Judenfrage / Abteilung Ostjudentum (“Instituto do NSDAP para Estudos sobre a Questão Judaica / Departamento dos Judeus Orientais”). Revela o interesse do regime hitleriano em salvaguardar obras judaicas para efeitos de propaganda.

Ver registo na Library of Congress: https://lccn.loc.gov/00509901

Schwarz, Samuel, Inscrições Hebraicas em Portugal. Lisboa : Tip. do Comércio, 1923. Cota: BSZ 608

Antecedendo “Os Cristãos-Novos em Portugal no Século XX”, este é o primeiro trabalho publicado por Samuel Schwarz acerca da presença judaica em Portugal. Publicando diversos testemunhos da epigrafia judaica portuguesa, é com esta obra que inicia a sua carreira de historiador. Aqui disponibiliza-se não apenas a separata original, publicada em 1923 na revista Arqueologia e História, mas também uma das provas datilografadas, incluindo anotações do punho de Samuel Schwarz.